Há setenta
anos, Simone de Beauvoir escrevia sua mais celebre obra “ O Segundo sexo”,
proclamado hino à liberdade feminina, deu pontapé inicial a luta por igualdade
de gênero, em 1949, a geração pós-guerra, os chamados “Baby Boomers” nasceram
em um mundo diferente das gerações anteriores as suas, um mundo em que a mulher
substituiu o homem em larga escala no trabalho industrial, com esse convívio
laboral e sem a supervisão dos maridos que lutavam no front, as mulheres
puderam se organizar para que pudessem manter essas liberdades individuais políticas
e econômicas, mesmo após o fim do
conflito, no mundo bi-polarizado que se iniciara, o conservadorismo do
capitalismo ocidental lhes fechou as portas do mercado de trabalho e do acesso
a educação, enquanto no bloco comunista mulheres se tornaram cientistas e
engenheiras.
“A mulher
tem sido objeto de um processo de diminuição desde a aurora das ciências”,
frase que sintetiza a obra de Beauvoir, afirma que tanto na arte como na
cultura a figura da fêmea foi inferiorizada ao longo da história.
Na passagem
do período paleolítico para o neolítico, os grupos humanos passaram do
nomadismo ao sedentarismo, e da caça e coleta para a domesticação dos animais e
a manipulação dos grãos, a divisão de classes e de tarefas antes disso, era por
gênero, os homens caçavam e as mulheres coletavam, não existia monogamia, os
grupos humanos não relacionavam o sexo com a reprodução, faziam sexo por puro
prazer, e a prole vinha naturalmente, cerca de 12.500 anos atrás, muito
provavelmente as mulheres, inventaram a agricultura e a necessidade de se fixar
em uma terra fértil, os homens passaram a capturar os animais ao invés de
abatê-los, domesticando-os criaram a pecuária e o moderno termo “gigolô de
vaca”, fixando-se, um primeiro homem cercou o primeiro pedaço de terra,
afirmando que era seu, criando assim a propriedade privada, quando chegou a
velhice, preocupou-se pela primeira vez, para quem deixaria o que construíra, nesse
momento a figura do herdeiro aparece, o homem transforma a mulher também em sua
propriedade para garantir que a prole tenha sua carga genética, eis que surge
ai a monogamia.
A submissão
da mulher foi inserida no imaginário coletivo demonizando-as, criando bruxas
feias e velhas com verrugas e que distribuem frutas envenenadas, enquanto os
bruxos como Merlin, Gangalf e o jovem Harry Potter, salvam a humanidade.
No Brasil,
uma sociedade com um histórico patriarcal e eclesiástico, onde a poligamia dos
nativos, e a miscigenação com primeiros degredados portugueses do século XVI, foi
combatida pelo clero e pela nobreza, com a exportação de meninas órfãs de
Portugal para se casarem forçadas com bandeirantes e piratas do sertão, homens de
costumes bárbaros que já haviam sido deportados de terras européias, na maioria
das vezes por crimes de heresia, crianças com no máximo 14 anos, vitimas do
terrorismo do estado absolutista, a elite branca colonial Brasileira é herdeira
da violência contra a mulher, no nosso patriarcado tropical do século XXI onde
figuras publicas falam abertamente em estupro, onde a violência contra a mulher
é relativizada, é possível que as relações fraternas entre casais humanos (de
qualquer orientação sexual), custem a se concretizar.