quarta-feira, 11 de setembro de 2019

SOFISTAS X COACHING


Os Sofistas eram os caras que vendiam o conhecimento na Grécia antiga, consideravam-se supersábios, antes mesmo de haver escolas, então onde aprendiam? Pois é, o pouco que se sabe é que eram itinerantes, viajavam de cidade em cidade do mundo Grego e ensinavam de tudo, dês de fabricar sapatos até a ciência política, para quem estivesse disposto a pagar, é claro.
A pólis Grega de Atenas, berço da democracia, era o principal palco de atuação dos sofistas, a arte da retórica e da oratória eram virtudes necessárias para o bom desempenho na vida publica.
A retórica, principal arma dos Sofistas, está baseada na arte através da oratória, derrubar teses contrárias as suas e convencer as pessoas que a sua verdade é a verdade absoluta.
Os Sofistas eram os donos do campinho até que surge Sócrates com a sua dialética, o pai da Filosofia afirmava que, a opinião é uma expressão individual, já o conceito é universal, isto é, valido para todos. Nesse sentido, os sofistas ensinavam a retórica para convencer os outros que sua opinião é a melhor. Já Sócrates ensinava a dialética, ou seja, fazia de conta que não sabia nada para levar as pessoas admitirem a sua falta de conhecimento, e através de questionamentos, chegar a um conhecimento próprio.
Sócrates ensinava em espaços públicos, e não cobrava por suas aulas, pois para ele, o ensino não era uma mercadoria que podia ser comprado e afirmava que a verdade está no interior de cada indivíduo, conceito sintetizado na frase de Sócrates, “Conhece-te a ti mesmo e conhecerá os deuses e o universo”.
O fim de Sócrates foi trágico, foi acusado de “corromper a juventude Ateniense”, foi condenado a morte por envenenamento.
Ta e os Coachs? Como profissão o termo começou nos Estados Unidos quando as técnicas  do treinador esportivo, que é Coach em inglês, foi adaptado ao mundo dos negócios, quando eles se propuseram a dar palestras motivacionais, isso abriu uma espécie de caixa de Pandora, porque gente com profissões respeitadas se posicionaram como coachs, tipo professor de língua portuguesa se apresentando como “coach para concurseiro”, daí em diante é ladeira abaixo, uma horda de leigos tem se apresentado como especialistas em quase tudo, mas detalhe, sem a mínima formação acadêmica, desprezam o conhecimento a pesquisa acadêmica e os profissionais diplomados, tem coach pra tudo, depressão, emagrecimento, relacionamento e até para se tornar milionário reprogramando seu DNA, o charlatanismo é tamanho, que tem até Coach afirmando que os judeus nos campos de concentração na Alemanha Nazista simplesmente se entregavam, porque não tinham um “propósito maior”, e a figura do Coach reprogramaria suas mentes salvado-os do holocausto, ou seja, na visão deles, faltou um Coach para os judeus.

A crise econômica que o Brasil enfrenta na atualidade, é campo fértil para esse tipo de oportunismo, focam nos desempregados que devido à condição, estão mais vulneráveis e com auto-estima baixa, rotulando-os como pessoas com inabilidade emocional, ou em pessoas com dificuldades interpessoais, se em um relacionamento, por exemplo, você é traído, apontam a culpa como sendo sua, pois não tem o que chamam de “Inteligência emocional”, apresentando-se como a mão amiga disposta a ajudar, contanto que você pague o preço da ajuda.
Com vocabulário próprio, esse pessoal coloca uma roupa nova em conceitos conservadores, trabalhador passa a ser chamado de “colaborador”, com a clara intenção de fazer você esquecer que está trocando força de trabalho por capital, tornando-se um colaborador você passa a pensar que trabalha por um “bem maior”, que na realidade é o enriquecimento do patrão, ou usando a expressão “Resiliência”, criada para glamorizar o sofrimento individual em detrimento dos problemas sociais, costumam também utilizar palavras em inglês com intenção de trazer uma conotação intelectual, mesmo a palavra tendo o mesmo significado em português, com a clara intenção de monstrar que o Coach é um especialista no assunto, escancarando o caráter de sobreposicionamento da cultura norte americana sobre a nossa e o grau de subserviência em relação a ela, viralatismo puro.
Quase todo Coach tem um guru pseudointelectual, o cara que é sustentado pela rede de seguidores que reproduzem os seus conceitos, criando uma espécie de pirâmide, onde quanto maior a sua base de apoio maior a visibilidade e o capital acumulado, algo tipo relação de vassalagem e susseranagem do período feudal, só que adaptada ao século vinte e um.
Existe um projeto de lei tramitando no senado que criminaliza quem tem real propósito de enriquecimento a curto prazo com a exploração da boa-fé das pessoas por Coachs que não tem certificação legal nem diploma válido.

Já que não temos um Sócrates para contrapor os Neosofistas, a sociedade organizada deve impor a agrura da lei para coibir a pratica de falsas promessas e a proliferação de enganadores e charlatões.

2 comentários:

  1. O Sócrates ensinava os jovem a aprende ea a questiona por conta própria por ser uma pessoa voluntária não ensinava por propina ou em interesse de dinheiro e sim pelo aprendizado desses jovens..
    Michael turma t91

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  2. Hoje em dia tem muito disso, pessoas querendo se passar por coach sem ter se quer uma mínima formação e querendo ganhar as custas dos outros, deveríamos ter mais pessoas como Sócrates que ensinava o certo sem cobrar nada e sem nenhum interesse. Gabriele e Robson da turma T91

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