terça-feira, 17 de setembro de 2019

A cruzada obscurantista de Crivella e o tiro que saiu pela culatra.


A bienal do livro do Rio de Janeiro deste ano foi marcada pela tentativa frustrada do prefeito evangélico Marcelo Crivella de recolher dos stands a história em quadrinhos, “Vingadores a cruzada das crianças”, alegando que o beijo entre dois personagens do mesmo sexo seria material sexual e pornográfico e que deveria estar embalado em plástico preto lacrado com avisos do lado de fora e de que seria impróprio para menores, o estranho é que com a violência explícita nesse tipo de publicação ninguém se preocupa.
A bienal se recusou em acatar o pedido da prefeitura, até porque o pedido nem poderia ser atendido, visto que todos os exemplares da tal história em quadrinhos já haviam se esgotado dois dias antes da manifestação do prefeito. Mesmo assim a direção da bienal veio a público afirmando que “dá voz para todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser”, numa clara menção de que o prefeito, pretendia na realidade, impor censura de viés ideológico conservador.
 Seus conceitos religiosos não podem ser aplicados em um estado laico e com liberdades individuais no que diz respeito à liberdade sexual amparados no artigo 5° da nossa constituição federal.
O Brasil há anos vem se tornando gradualmente um estado teocrático, onde grande parte da população se rendeu ao discurso de pastores evangélicos na busca para a salvação da maioria dos problemas, de amorosos a financeiros, esse último é um problema passa bem longe dos pastores, pois a salvação nunca é de graça, se dizem cristãos, mas fazem uma proposital, má interpretação dos conceitos bíblicos, com a clara intenção de enriquecer, ás custas da fé alheia, desse ponto de vista, não estamos muito distantes de países como Egito e Arábia Saudita, teocracias patriarcais, em que mulheres são apedrejadas até a morte em casos de suspeita de adultério e existem leis que proíbem o homossexualismo (ainda considerado doença), castigando-os com prisão, castigos e até execuções.
O Brasil é o país que mais mata homossexuais do mundo, é claro que diferente de declaradas teocracias em que o estado se encarrega da execução, aqui na nossa república evangélico bananeira, os nossos líderes políticos, se eximem de sujar as mãos de sangue, passando toda a responsabilidade pelos homicídios de homossexuais para a turba enfurecida, para isto basta reproduzir discursos de ódio a gays que já vão empoderando todo o tipo de sádico homicida.
Todo mundo já está careca de saber que a Grécia é o berço da nossa civilização ocidental, o que as pessoas não sabem ou preferem não saber, é que os gregos eram gays, ou quase isso, a pederastia, termo que os gregos usavam para relações entre indivíduos do mesmo sexo, não tinha nenhuma conotação pejorativa, consistia numa relação amorosa e sexual entre dois homens de idades diferentes, em que o mais velho tinha como função ensinar o mais novo, o homem adulto na faixa dos 20 a 30 anos, era denominado “erástes” (o amante), e o jovem, entre 12 e 18 anos, era chamado “eromeno” (o amado), a pederastia segundo textos de Platão, estava ligada diretamente ao ideal de educação do jovem para o exercício de cidadania nas polis gregas como a de Atenas. A ideologia heteronormativa que se tem hoje em dia no ocidente foi construída por volta do século XIX, na antiguidade clássica grega era comum, homens e mulheres, ter parceiros sexuais de ambos os sexos, vide o herói da Ilíada de Homero, o semideus “Aquiles”, tinha várias parceiras sexuais, mas também tinha o priminho Pátroclo que era seu amante, o Próprio Alexandre o grande da Macedônia era casado com duas mulheres, Statira princesa da Pérsia e Roxana princesa da Bactria, mas tudo nos leva a crer que Heféstion, seu companheiro de infância e comandante de sua cavalaria seria seu amante, que Heféstion ligeiramente mais velho que Alexandre teria sido seu mentor sexual e ambos foram educados por Aristóteles em um mundo onde esse comportamento não só era visto como normal mas também era estimulado.

A intenção de censurar de Crivella deu mais holofote para a causa LGBT, levando a cena para as principais manchetes do país, talvez sem sua intervenção, nem saberíamos do ocorrido.
Obscena é a fome a guerra e a desigualdade, quem considera obsceno um simples desenho de um beijo entre duas pessoas, independente se é homo ou hetero, deveria rever seus conceitos, procurar um psiquiatra ou sair do armário de uma vez.   




7 comentários:

  1. É hipócrita ver que em pleno século vinte e um, tem pessoas que pensam que homossexualidade é um erro, uma doença, um problema ou até mesmo um perigo para a sociedade. Como se a principal cateterística da pessoa não fosse seu caráter, suas habilidades ou seus defeitos, mas que a sua maior caraterística é que ele goste do mesmo sexo.
    Um beijo gay em uma história em quadrinhos não pode, pois é censura. Mas sexo hétero nas novelas pode, não vai influenciar os jovens. Viver em uma sociedade na qual o prefeito de uma das cidades mais conhecidas no Brasil, se importa mais em titular uma história em quadrinhos como censura, por ter um beijo gay do que com a cidade titulada “cidade maravilhosa”, a qual as pesquisas apontam um grande aumento de tiroteios, falta de segurança, funcionários públicos sem pagamento.
    Está na hora de focar na saúde, educação e na segurança e não de julgar a orientação sexual de cada um seja ele hétero ou lgbtQ+.


    Maria Luiza da Silveira, 101

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  2. Nome: Isabel Santos
    Turma:222
    Bom fico pensando como pode existir pessoas ainda incomodadas com a homossexualidade das outras sendo que não tem nada ver com a vida alheia, não sou contra nada disso cada um seja oque quiser sendo feliz é oque importa, mas acho bastante errado essas pessoas na rua que agridem outras por elas não gostarem do mesmo tipo ou por que se vestem de outra maneira só acho que cada um tem a liberdade de ser oque quiser o importante é ser feliz só isso.

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  3. Me corrijam se eu estiver errado:
    primeiro, vivemos em uma sociedade capitalista, onde o objetivo principal é obter lucro;
    segundo, o Brasil é, ou deveria de ser, um estado laico;
    e terceiro, e o mais curiosos, o nosso atual governo defende a propriedade privada e o investimento estrangeiro em nosso país.
    Então como? COMO? Um prefeito se vê na obrigação de censurar uma revista que exibi um simples beijo entre pessoas do mesmo sexo, sendo que a liberdade de expressão é, ou deveria de ser, algo livre.
    Como uma relação homossexual impede a obtenção de lucro de algo ou de alguém?
    Como os conceitos religiosos podem ser aplicados por um órgão público sendo que o estado é laico?
    E, principalmente, como um "representante político" acha que deve intervir em um produto que não provem de uma estatal nacional, mas sim, de uma empresa privada estrangeira cuja sede se localiza no nosso querido "aliado" econômico , Estados Unidos, contrariando o atual governo?
    Agora, por favor me respondam... QUAL país vai querer investir em um país que se declara laico, mas, que na verdade, a primeira demostração de um simples beijo gay, tem um de seus representantes políticos querendo impor uma censura ?!
    O governo afirma que o Brasil está de portas abertas para o mercado estrangeiro. Mercado do qual fazem parte países desenvolvidos que aceitam com uma imensa facilidade a comunidade LGBTQ+ quando comparado ao Brasil.

    Igor Ezequiel Riedi, turma 101 da E.E.E.M. São José do Maratá.

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  4. Quem somos, nós para Julgar a opção sexual das pessoas cada um tem sua opção , essas pessoas que não aceitam apenas tenham respeito a decisão do próximo , porque não é a opção sexual que vai definir o caráter das pessoas e ser homossexual não é doença , é uma escolha e temos que respeitar .

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  5. É irrefutável que a atitude do prefeito Marcelo Crivella foi uma tentativa de censura. Influenciado pelos dogmas de sua religião, o que é inaceitável já que o Brasil é um país laico.
    A questão do homossexualismo não ser aceito em determinadas religiões pode não ter problema algum, desde que não interfira nas pessoas fora dessa “bolha religiosa” e isso também conta para determinados grupos passivos que, por mais que não estejam confortáveis com isso, agem sem interferir na sociedade.
    É óbvio que todo cidadão deve ser respeitado, independente de sua sexualidade.
    Wesley 1 ano EEEMSJM

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  6. E impressionante nos tempos de hoje como tem pessoas que se preocupam com esse tipo de coisa ,ninguém é obrigado a aceitar ,basta apenas respeitar.Acho que com tantas outras coisas que nosso país enfrenta como:falta de verbas para a saúde ,escolas e etc... ,a opção sexual de cada um é livre.
    Paula Kahn Ciep T9(1)

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